Quando abri era a D. Maria, ela havia levado um lanche para mim pois a
essa altura já passava das 15:00 horas e eu não tinha ido almoçar, agradeci e
disse que não estava com fome, mas ela insistiu, então disse que comeria se ela
me acompanhasse, então fomos até a cozinha e comemos o lanche que ela havia
preparado, e nisso ela me contou um pouco de sua história, muito sofrida mas
bonita, ela passou por muitas dificuldades, mas era feliz e o maior orgulho
dela era Ana sua filha, que estava estudando na mesma escola da Mel e do Tom,
pois meu pai pagava os estudos dela, e dona Maria disse que meu pai havia ajudado
muito eles, e que eles estavam com ele desde quando ele começou a sua ascensão ,
ela e o Mario sabiam da história do meu pai, inclusive da minha existência, mas
ele pediu que os dois nunca tocasse no assunto; muitas vezes era ela que fazia
os depósitos, que meu pai mandava para os meus avós; Ela ainda mencionou que tinha
muita vontade de me conhecer; e ainda me alertou dizendo que eu precisaria ser
muito forte, pois esse mundo de dinheiro e poder ao qual estava prestes a
entrar, haviam muitas pessoas, ruins e gananciosas, mas me disse também que
sempre que eu precisasse que poderia contar com ela e com sua família. E assim,
pela primeira vez em dias me senti acolhida.
O tempo se passou entre conversas e petiscos, que nem percebi a hora
passar foi quando de repente enquanto estávamos conversando distraidamente na
cozinha, eis que chega Eva, e no mesmo momento me olha com olhar sarcástico e
diz - finalmente achou um lugar onde vc deviria ficar nessa casa! Na ala dos
serviçais, virou as costas e saiu, nesse momento pergunto para dona Maria - ela
é sempre assim? E ela me responde: daí pra pior, só continuo nessa casa por
causa do seu pai, pois se dependesse dela já estaria muito longe daqui, conversamos
mas um pouco, e pedi licença para a dona Maria, e voltei para o meu quarto.
Tomei um banho e voltei a ler o meu livro, quando novamente ouço a porta, dessa
vez era meu pai, veio falar comigo sobre a escola, O ano já está acabando e
hoje recebi a ligação do policial, que falou sobre o que aconteceu com seus
avós, ele me pediu o endereço, pra mandar a documentação da escola, assim
poderei matricular você no ano que vem, pedi pra ele mandar em seu nome, quando
a carta chegar me avisa pra que eu possa providenciar sua matrícula; e por
falar em matricula, em que ano da escola você está mesmo? você começou a
estudar tarde! que eu me lembro, com 17 já era pra você estar terminando o
ensino médio, certo? mas como você começou a estudar mais tarde, em que ano
você está?
Pai esse ano terminei a 8ªserie, e ele pergunta - mas você já passou de
ano? Sim, eu respondo! já posso ser matriculada no 1ªano aqui.
Sim, mas já que você diz que passou vou providenciar sua matricula
apenas para o ano que vem, enquanto isso tenta se adaptar a sua nova vida,
começando por trocar esses trapos pois aqui nem os empregados se vestem tão
mal, não quero passar vergonha com alguém olhando pra você nesses trapos e
ouvindo que você é minha filha, já não basta a vergonha em ter que contar do
meu passado para a minha família!
Nossa meu mundo havia virado de cabeça para baixo, e só piorava, não
sabia mas o que pensar e não tinha a quem recorrer pra me ajudar, até então,
foi quando, eu a conheci, alguém que iria mas pra frente ser minha melhor
amiga...
E nossa amizade começou logo após essa conversa com meu pai, eu ficava
cada vez mais triste, e não queria mais ficar naquele quarto, mas também não
estava com nenhuma vontade de encontrar ninguém daquela casa, foi quando
resolvi ir para o jardim, que era lindo, parei próximo a algumas flores afastada
da casa e fiquei lá lembrando, como minha vida era simples e como eu era feliz
e sabia disso, lembrando dos meus avós e de tudo o que havia acontecido comigo
até ali, não contive as lágrimas e comecei a chorar, foi nesse momento que
sinto alguém tocar em meus ombros, e uma leve brisa em meu rosto mas quando
olho não vejo ninguém, só que isso não me assustou, muito pelo contrário me
acalmou, logo em seguida vejo aquela que se tornaria minha melhor amiga, a Ana
filha da dona Maria.
Ela chegou ao meu lado me abraçou, e disse não sei como nem porque mas
tenho que te dizer, tudo vai ficar bem, passado algum tempo começamos a
conversar, e ela me disse que estava em seu quarto estudando quando sentiu uma
enorme vontade de ir naquela parte do jardim, ela disse que não entendeu muito,
pois não gostava de ficar circulando pelos arredores da casa, pois não gostava
de encontrar os donos.
Eu apenas sorri para ela e disse se minha avó tivesse te conhecido ela
iria gostar de você, então nós ficamos papeando ali até que a dona maria nos
chama, quando a gente entra ela me diz que meu pai está me esperando para o
jantar, digo que vou jantar com eles, com a dona Maria e sua família, nessa
hora meu pai entra na cozinha e diz – nada disso você vai se sentar à mesa com
o resto da família todos temos que nos acostumarmos com essa situação, eu fui
muito a contragosto, mas fui.
Chegando lá, todos fecharam a cara, dei boa noite a todos, mas ninguém
me respondeu, tentei puxar assunto com a Melissa, dizendo – ano que vem vamos estudar
juntas, acho que vai ser bom assim já vou conhecer alguém na escola, não é
Melissa? ela me olha e diz: - sim você vai pra MINHA escola, mas nem pense em
se quer olhar pra mim, não quero nem a sua sombra perto de mim ou dos meus
amigos, já não basta ter que te suportar na MINHA casa, quando ela falou isso,
eu não me contive, e disse essa casa agora também é minha, pois se eu não estou
enganada ela está em nome do meu pai! Nessa hora o Tom fala - que ótimo! já
está começando a mostrar as asinhas, parabéns estava começando a achar que vc
era uma completa inútil, mas vejo que, não é tão ingênua quanto deixa
transparecer, nessa hora minha madrasta, Eva o interrompe e fala, essa ai mal
chegou e já está causando problemas não podemos mas ter uma refeição calma
nessa casa? Quando ela falou isso, eu fui tentar me defender, mas meu pai não
me deixou falar e disse que não queria ouvir mas nada de ninguém, terminamos o
jantar em silêncio e todos se retiraram, ficando apenas eu e meu pai, que logo
chamou a Maria e a Ana, perguntou se a Ana ainda iria pra escola, ela disse que
já havia terminado e que estava estudando apenas pra fazer uma apresentação
final de um trabalho, mas que só iria apresentar na segunda-feira, então ele
pediu pra que Maria deixasse a Ana me acompanhar ao shopping no dia seguinte pra
comprar roupas novas, e disse que seu Mario nos levaria, dona Maria concordou,
logo em seguida ela e Ana se retiraram e eu fui para o meu quarto.
No dia seguinte ao me levantar todos já haviam saído, Mel havia ido à
casa de uma amiga já que no dia anterior havia sido seu último dia letivo, Tom
havia saído também, mas não sei pra onde ele não parava em casa mas ninguém se
interessava muito sobre o que ele fazia, e como sempre a dondoca foi fazer sua
”dondoquices”, coisas de mulher desocupada, e meu pai foi para a empresa.
Quando Ana entra em meu quarto toda contente, dizendo vamos amiga, vamos
fazer compras, depois por um instante ela parou e perguntou eu posso te chamar
de amiga? E eu com uma grande felicidade ao ouvir que era considerada como
amiga por alguém, disse claro, fico muito feliz em ter uma amiga assim tão leve
e espontânea como você Ana.
Então nós tomamos o nosso café e partimos, quando chegamos aquele lugar
enorme e cheio de lojas fique abismada, nunca tinha visto algo tão lindo, e ele
estava todo enfeitado para o natal, que era minha época favorita no ano, ai me
dei conta que faltava poucos dias para as festas de fim de ano, nesse momento
notei que não havia nenhum enfeite na casa do meu pai, e junto com as roupas
novas, comprei também uma arvóre e enfeites, pois queria um pouco do espirito
natalino naquela casa, e pensei quem sabe assim as pessoas melhorem o seu
humor, a Ana me viu comprando aquelas coisas e me disse que não sabia se era
bom eu comprar, pois todo ano ia uma decoradora na casa enfeita-la para o
natal, e eu respondi mas eu e meus avós sempre enfeitávamos a arvore juntos e
queria fazer, enfeitar essa, assim quem sabe eles vejam, que estou tentando
fazer algo de bom, ela concordou e fomos almoçar, depois que terminamos as
compras e voltamos para a casa Ana ficou comigo em meu quarto para me ajudar
arrumar minhas coisas. E finalmente depois de dias eu me sentia bem, quando
terminamos a Ana foi para o seu quarto pois disse que precisaria terminar de
ensaiar sua apresentação para o trabalho final. Quando ela saiu ainda fui
montar a arvore e coloquei ela na sala, fiquei feliz quando a vi pronta, a
deixei na sala e voltei para meu quarto, fui mexer em um celular que havia
comprado no nosso passeio ao shopping, nunca tinha tido um, pena que não
poderia usa-lo para falar com os meus amigo, pois onde morávamos não havia
celular e se alguém levasse um não teria sinal. Fiquei distraída por um tempo
quando ouço a Eva chamando a Maria, e ela não parecia feliz, foi quando ela
disse...
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